Hoje, a reunião é às 9h no escritório, que fica a 8 quilómetros de casa. Ainda há tempo para espreitar os filhos, que estão mais empolgados do que nunca. As aulas remotas já começaram, desta vez com um professor inglês e com o recurso à realidade aumentada. O wearable informa que a viagem até ao trabalho, com o veículo inteligente, demora 11 minutos e que há um lugar de estacionamento, a 100 metros do escritório. Sobra tempo para um café e para uma conversa rápida com a vizinha, para perguntar como correu a operação do filho, feita à distância com um especialista norte-americano e o recurso à robótica. O dia de trabalho termina, é tempo de ir correr. Há sensores que debitam a qualidade do ar e da água no percurso habitual da corrida. Ao que parece, hoje o ar ainda está melhor do que ontem. De novo em casa, vêem-se as luzes da rua a diminuírem de intensidade, são poucos os que circulam àquela hora e automaticamente reduz-se a iluminação pública naquela zona, para assim poupar eletricidade.
Onde estará a inteligência nas cidades do futuro?
Provavelmente, esta será a história de muitos de nós, quando as cidades em que vivemos se tornarem cidades inteligentes. Mas quais são os fatores-chave para criar estes palcos urbanos inteligentes?
Novas soluções de mobilidade, mais sustentáveis - mais veículos elétricos, autónomos e conetados entre si, novas soluções de pooling & sharing, leitura e redireccionamento do trânsito em tempo real;
Verdadeira eficiência na utilização dos recursos - sensores de rega que lêem o solo e o tempo, iluminação urbana inteligente, rotas de recolha de resíduos otimizadas com base em dados em tempo real, monitorização e proteção da biodiversidade;
Serviços inteligentes e mais responsivos - na saúde, educação ou no turismo, com um planeamento mais realista, dando resposta a todos e proporcionando uma melhor experiência;
Sustentabilidade e representatividade - construção sustentável, empreendedorismo e inovação aberta, inclusão digital, com foco na participação do cidadão na definição do futuro das cidades.
De acordo com o CEiiA, Centro de Engenharia e Desenvolvimento que já trabalha soluções para implementar nas cidades do futuro, sediado em Matosinhos, as cidades inteligentes “são cidades inovadoras, sustentáveis, inclusivas, resilientes e conetadas, orientadas para promover a criação de negócios e emprego e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos”. Como? “Utilizam a informação, o conhecimento e as tecnologias digitais para atingir objetivos sociais, económicos e ambientais e responder aos desafios urbanos do futuro”.
O potencial está nos dados
Como é que as tecnologias podem ajudar a planear cidades inteligentes? Com dados recolhidos de múltiplas dimensões da cidade: do trânsito aos resíduos, do ambiente às aglomerações de pessoas, da governação à inovação. Depois de recolhidos, esses dados são monitorizados e analisados em tempo real em salas de comando e controlo, traduzindo-se em soluções que gerem de forma integrada, transversal e imediata as cidades inteligentes. Uma visão e atuação holística sobre a cidade que só é possível com a nova geração de redes móveis 5G. Esses mesmos dados lêem o presente e garantem ações que respondem de imediato às reais necessidades dos cidadãos, que são a peça fundamental deste conceito da cidade do futuro.
Portugal à espera do 5G
Só com a chegada do 5G a Portugal, com a rapidez de fluxo de dados, a latência reduzida e com a capacidade de suportar massivamente a IoT (Internet das Coisas), é que estas cidades dotadas de inteligência se tornarão realidade, pelo menos a 100%. O acesso a aplicações de Inteligência Artificial e Realidade Aumentada, que ajudam à gestão e manutenção destas cidades, será intensificado com o 5G em Portugal e vai colocar-nos, definitivamente, no mapa da inteligência urbana pelo mundo. Só assim Portugal poderá seguir o exemplo de outros congéneres europeus, como Copenhaga ou Estocolmo, em que as suas cidades “operam como laboratórios vivos, palcos de desenvolvimento e experimentação de soluções urbanas em contexto real, numa lógica de inovação aberta e co-criação com o envolvimento dos cidadãos”, conforme uma das definições do CEiiA para cidade inteligente.
Porto, Águeda e Cascais são, para já, as cidades mais smart, de acordo com o Smart City Index de 2016, uma ferramenta de análise da inteligência urbana do CEiiA. Aplicado a 36 municípios da RENER - Rede Portuguesa de Cidades Inteligentes - em parceria com a NOS, o CEiiA chegou a este top nacional, nos diversos palcos de testes e experimentação de soluções inovadoras em contexto real. A NOS tem, aliás, contribuído para o desenvolvimento destas cidades do futuro, em parceria com as autarquias. Em Águeda, por exemplo, foi implementada uma solução de rega inteligente, enquanto a cidade do Seixal tem soluções inteligentes de gestão de resíduos. Além destas, existem ainda seis autarquias nacionais com plataformas inteligentes de integração de dados. Com a chegada do 5G a Portugal, todas estas cidades deixarão de ser projetos-piloto e serão os palcos que vão mudar, melhorar e facilitar a nossa vida.