O que é a Internet of Medical Things e porque a saúde nunca mais será igual

O que é a Internet of Medical Things e porque a saúde nunca mais será igual
06
abr
2022
INSIGHT
NOS
7 minutos de leitura
Atualizado a
09 dez 2022

Hospitais, pacientes, médicos e equipamentos numa partilha constante de informação.

Imagine entrar num hospital e receber uma pulseira que vai juntando todos os seus dados clínicos e que informa os médicos em caso de emergência. Imagine ser operado pelo melhor cirurgião do mundo, mesmo que ele esteja noutro país, ou voltar para casa mais cedo, mas ter acompanhamento hospitalar constante, enquanto recupera junto da família. Não é uma promessa, é uma das muitas transformações que a velocidade e capacidade de ligação do 5G traz às nossas vidas. É o 5G que garante a expansão da Internet of Medical Things (IoMT), os mais de 500 mil dispositivos médicos tecnológicos, que já existem e que podem ser melhorados e conectados a uma rede mais rápida e comunicante, seja num hospital, na rua ou nas nossas casas.

O 5G vai ser um elemento chave na transformação digital da sociedade, com soluções tecnológicas e inovações em todas as áreas, verdadeiramente ao serviço de todos. Na Saúde, em que a prevenção e o tempo de resposta são críticos, a rede 5G traz um salto como nunca vimos. Hospitais mais eficientes e organizados; interligação entre médicos, pacientes e equipamentos; robotização e cirurgias à distância; telemedicina e realidade virtual. Na Saúde, desaparece o ‘onde’ e o ‘quando’, é a era do ‘sempre’ e ‘em qualquer lugar’.

 

O 5G liga-nos a uma melhor Saúde

A quinta geração móvel alarga as possibilidades da Internet of Things (IoT), a ligação e comunicação dos equipamentos do dia-a-dia, como eletrodomésticos, carros, semáforos ou iluminação. Mas na Saúde esse avanço ainda é maior, os dispositivos médicos IoMT representam 40% do total da IoT. Num hospital, com milhares de equipamentos - desde uma simples cadeira de rodas a uma máquina de ECMO para pacientes críticos -, a sensorização vai chegar a todo o lado. Ligados através da rede 5G, fornecem instantaneamente a sua localização ou disponibilidade. Essa eficiência facilita o trabalho dos profissionais de saúde, que ganham mais tempo para os doentes, e reduz os custos em geral.

Para reduzir as consultas perdidas e o tempo passado pelos profissionais a dar indicações, o hospital Chelsea & Westminster lançou uma app de navegação para pacientes e visitantes

A rede 5G suporta muito mais ligações ao mesmo tempo e assegura tanto a utilização profissional crítica como o resto das comunicações, o que permite o aparecimento de novos serviços de apoio. O hospital londrino Chelsea & Westminster, por exemplo - preocupado com as consultas perdidas e com o tempo passado por profissionais a dar indicações -, criou uma app de navegação interna que torna mais fácil aos utentes chegarem a qualquer lado. E num hospital conectado, os doentes podem mesmo receber uma pequena pulseira 5G logo à entrada, que os coloca automaticamente no sistema, acrescenta os resultados de exames que vão sendo feitos, e recolhe informação de dados vitais que é transmitida aos profissionais de saúde.

 

Mais vidas salvas com ambulâncias 5G

Graças à nova rede móvel, as ambulâncias passam a ser cada vez mais como mini salas de urgências, com mais equipamento e câmaras de alta definição que transmitem dados e imagens em tempo real para o hospital. Os paramédicos vão antecipar diagnósticos e começar tratamentos ainda em trânsito, o que pode ser a diferença entre uma recuperação rápida e um longo internamento ou mesmo a morte.

Em Inglaterra, ambulâncias 5G permitiram subir de 5% para 41% o número de vítimas de ataque cardíaco tratadas em menos de três horas

E a integração em rede dos hospitais, centros de saúde e serviços de emergência possibilita às equipas de ambulâncias saberem com rapidez o hospital com os especialistas certos, o tipo de sangue necessário disponível ou as salas de urgências e blocos operatórios mais livres. O Reino Unido prepara já o lançamento de uma rede nacional de ambulâncias inteligentes, depois de um teste na região Leste de Inglaterra, que se revelou um sucesso em emergências cardíacas.

 

Comprimidos inteligentes, medicina menos invasiva

Num hospital com 5G há menos tempo de espera, com consultas, exames ou tratamentos mais rápidos. A informação é partilhada a todo o instante, mesmo dados pesados. Sabia que um paciente pode gerar centenas de gigabytes de informação num só dia? Resultados, diagnósticos e tratamentos são mais rápidos e certeiros com a ajuda da inteligência artificial e pelo acesso a informação de todo o mundo. Fazer um exame também vai ser cada vez mais fácil, com sensores que podem ser um pequeno adesivo, um implante ou até um comprimido inteligente que filma e recolhe dados.

Fazer um exame vai ser mais fácil com 5G, basta um comprimido ou um adesivo. Os resultados chegam rapidamente, o que acelera o diagnóstico

O crescimento da medicina à distância também possibilita aos hospitais gerirem melhor as equipas e as consultas a efetuar. Muitos pacientes de rotina podem ter acompanhamento sem sequer saírem de casa. E tanto os centros médicos - através de novas parcerias - como os doentes ganham acesso aos melhores especialistas, de qualquer parte do mundo. A telemedicina já é uma realidade, mas multiplica-se várias vezes graças à imagem de alta definição sem falhas que o 5G permite, e à partilha instantânea de dados médicos através de dispositivos IoMT em casa, como os wearables e biosensores.

 

Cirurgias à distância, voltar a casa mais cedo

A baixa latência do 5G, inferior a 5 milissegundos, aumenta a robotização e facilita as cirurgias à distância, mesmo as mais delicadas. Transportar um doente para outro país ou trazer um cirurgião de renome internacional deixa de ser necessário. Basta uma rede 5G a dar suporte ao controlo dos braços robóticos e a todos os equipamentos e monitores presentes num bloco operatório. As cirurgias são menos invasivas e mais precisas, o que permite melhores tempos de recuperação. Em 2019, o cirurgião chinês Ling Zhipei operou o cérebro de um paciente a quase 3.000 km de distância, através de câmaras de alta definição e de um robô conectado por 5G.

Se um hospital antecipar a alta a dois ou três doentes por dia, consegue admitir mais centenas de pacientes num ano

Ter alta poucas horas ou dias após uma operação complexa é já realidade, que traz conforto aos pacientes e às suas famílias, e garante aos hospitais capacidade para acolher mais doentes, fazer novas cirurgias. É também neste contexto que a telemedicina pode ganhar outra importância. Após a alta, um doente continua a ter acompanhamento médico 24 horas por dia, os dados clínicos são enviados em tempo real para as equipas hospitalares, e as consultas à distância, em 5G, mantêm a proximidade entre médico e doente.

 

Realidade virtual para dar apoio ou formação

O treino constante é essencial para formar médicos e a rede 5G traz a esta área todo o potencial da realidade aumentada ou virtual, com recurso a hologramas, óculos VR. Mas também modelos anatómicos cada vez mais realistas, conectados, capazes de mimetizar um sem-número de problemas que requerem diagnóstico rápido. Os médicos ficam preparados mais cedo para todo o tipo de situações, o que se traduz em mais clínicos para atender os doentes. A Organização Mundial de Saúde estima que em 2030 faltem 18 milhões de médicos no mundo e só tecnologias como a rede 5G podem reverter essas previsões.

Uma sessão de formação pode ser assistida por milhares de estudantes, com streaming 5G. Um médico pode dar apoio imediato a colegas com óculos VR

A realidade virtual também ajuda os médicos a terem apoio imediato de outros especialistas, à distância. Seja nas urgências, numa sala de internamento ou na rua, basta uns óculos VR ligados por 5G e o chefe de um serviço chega onde é necessário e vê o que os outros estão a ver. Ajuda à tomada de decisões sem perdas de tempo nos corredores ou a trocar de bata e a desinfetar.

 

Menos 16% de custos hospitalares

A digitalização da saúde, com o 5G a impulsionar toda a tecnologia IoMT, vai ter um enorme impacto nas nossas vidas. Transmite segurança, dá a garantia de rapidez na prevenção, nas consultas, nos diagnósticos, nos tratamentos. As novas tecnologias permitem melhorar a nossa saúde, e isso com menores custos. Basta a utilização regular de wearables, para monitorização de parâmetros como os batimentos cardíacos ou a glicemia, para baixar os custos com hospitais em 16%, segundo uma seguradora norte-americana. Se lhe juntarmos as consultas à distância e os próprios ganhos de tempo numa deslocação ao hospital ou centro de saúde, a poupança é ainda maior.

E do lado dos hospitais não se trata de perda de receitas. A rede 5G permite a criação de novos serviços que podem ser oferecidos a mais pessoas, mais doentes que podem ser consultados ou internados, e redução de custos com uma gestão mais eficiente de todos os equipamentos, profissionais e da agenda de cada serviço. Costuma dizer-se que ‘tempo é dinheiro’, mas neste caso ‘tempo é saúde’, mais e melhor saúde, acessível para todos e em qualquer lugar graças à quinta geração móvel.

Em Portugal já começou a ser escrita uma nova página na Saúde, no Hospital da Luz, o primeiro no país a testar a tecnologia 5G, numa parceria entre a NOS e o grupo Luz Saúde. A NOS é um motor de transformação digital, que impulsiona a inovação médica e tecnológica e revoluciona os cuidados de saúde com a rede 5G. Para que Portugal seja, também na Saúde, uma referência a nível internacional. O 5G na Saúde permite fazer o que ninguém fez.