Olhar com olhos de ver. A expressão antiga, aparentemente confusa, explica que não basta olhar para entendermos o que está à nossa frente. Em busca da sustentabilidade, da evolução rumo às smartcities, precisamos de encontrar um novo olhar, uma outra maneira de ver e transformar o mundo. E essa capacidade está bem presente nos estudantes e jovens profissionais, cuja criatividade, imaginação e ideias ‘fora da caixa’, livres de pressões e constrangimentos, servem de rastilho de mudança.
Em busca do ‘momento Eureka’
É um espírito de inovação tecnológica e digital - com efeitos bem reais na vida das pessoas e na sociedade em geral - que impulsiona a Eurekathon, uma competição de geração de ideias promovida desde 2019 pela NOS, pela Porto Business School e pela consultora LTPlabs. No centro de tudo estão os dados, milhões de gigas de informação anónima, indefinida, descentralizada, que equipas de estudantes universitários e profissionais em início de carreira, das mais variadas áreas - da engenharia e das ciências da vida à economia, da informática à gestão - analisam em busca daquela ideia luminosa, daquele ‘momento Eureka’ que pode transformar o mundo.
Inspirar e motivar, mas também dar as ferramentas certas para explorar todo o potencial de inovação e transformação dos jovens. A data analytics foi o mote para a criação da Eurekathon, que mostra que a inovação e a capacidade de interpretação de dados podem vir de qualquer lado. Basta que o bichinho dos dados, o desafio de encontrar um fio condutor ou uma correlação nos números, esteja presente. Mais do que uma competição, o objetivo é mesmo incentivar a colaboração, promover a discussão, dar apoio e mentoria, para que as ideias possam surgir.
Desmontar os dados para construir cidades sustentáveis
Depois de uma primeira edição voltada para o combate ao isolamento social e aos seus efeitos na saúde, e de em 2020 o foco ter sido o combate à fome - através de soluções para aumentar donativos que pudessem ser aplicadas pelo Banco Alimentar Contra a Fome -, a Eurekathon de 2021 mobilizou-se para as cidades sustentáveis. Melhorar a vida nas cidades, encontrar ideias para um desenvolvimento urbano mais sustentável, para uma circulação mais eficiente a pé, de bicicleta elétrica ou trotinete, ou então nos transportes públicos, foram os ângulos escolhidos para este ano, numa altura em que a mobilidade eficiente continua a ser um objetivo que as cidades tentam atingir.
Challenging Data for Sustainable Cities. Em 2021, a Eurekathon procurou ideias para tornar as cidades mais inteligentes e sustentáveis.
A NOS - e o CEiiA - Centro de Engenharia e Desenvolvimento, foram os parceiros sociais deste ano, sendo oriundos daquele município do distrito do Porto os dados disponíveis para os participantes do Eurekathon analisarem.
Eurekathon: uma competição cada vez mais internacional
A maioria dos participantes da Eurekathon veio de Lisboa e do Porto, essencialmente das áreas de engenharia. E quase metade (46%) tinham menos de 25 anos, o que mostra que os jovens estão atentos e empenhados. Não querem esperar, querem causar impacto e ser agentes de transformação. Já as nacionalidades eram várias, o que demonstra que esta competição portuguesa já se tornou conhecida além-fronteiras. A edição de 2021 atraiu participantes do Brasil, Estados Unidos, Itália e Bulgária.
Portugal, Brasil, Estados Unidos, Itália, Bulgária. Os participantes do Eurekathon 2021 chegaram de vários continentes, confirmando o caráter internacional que a iniciativa já tem
Em 2021 a Eurekathon voltou a ter um modelo hibrído, que culminou num evento presencial, e os participantes tiveram acesso a dezenas de mentores. Foram questionados, desafiados e inspirados por especialistas de várias áreas, do urbanismo à tecnologia, das telecomunicações à academia, da engenharia à analítica de dados, do marketing às finanças.
Prémio para quem vence, e para quem precisa
A Eurekathon procura respostas para os problemas da sociedade. Ideias que possam ajudar resolver um problema mais específico, localizado, mas que possam depois ser transpostas para uma realidade geográfica ou social maior. Daí a importância de conseguir pôr em prática a ideia vencedora, ao mesmo tempo que se incentivam os finalistas a explorar melhor o seu conceito.
Na Eurekathon, 20% do valor de cada prémio é sempre doado a uma ONG escolhida pelo vencedor
Numa competição, há sempre vencedores e prémios, mas também aqui a Eurekathon procurou desde o início incentivar a solidariedade. 20% de cada prémio monetário tem como destino uma ONG ou um projeto solidário à escolha da equipa. Se o vencedor recebe um cheque de 2.000 euros, 400 deverão ser destinados a uma ONG; o mesmo para o 2.º classificado (1000€/200€) e para o 3.º lugar (500€/100€).
Matosinhos mais sustentável: Finalistas apostam na micromobilidade
Bicicletas, trotinetas, scooters. Grande parte das ideias que surgiram na Eurekathon centrou-se na micromobilidade partilhada e foi por esse caminho que seguiram as cinco equipas finalistas. Os dados disponibilizados pela Câmara de Matosinhos permitiram traçar novas rotas para a circulação urbana e novos métodos para assegurar uma mobilidade mais sustentável. A previsão das zonas que, com algum investimento ou promoção, podem aumentar a utilização de veículos partilhados, foi um dos aspetos mais procurados pelos finalistas.
Blind Data
Com quatro estudantes de Bioengenharia e um elemento vindo de Engenharia e Gestão Industrial, a equipa Blind Data, do Porto, propôs apostar na micromobilidade através de incentivos aos utilizadores (recuperação de saldo com base nas emissões poluentes poupadas), bem como alocar recursos - tanto veículos como campanhas de promoção e comunicação - às zonas mais adequadas do município, principalmente aquelas cuja utilização deste tipo de veículos é inferior às previsões existentes, com base nos dados.
TRUST
Seis investigadores que trabalham juntos no projeto TRUST-AI, uma plataforma de Inteligência Artificial. Para Matosinhos, propuseram na Eurekathon um modelo que promove a circulação pedestre - através da criação de novos espaços verdes e rotas definidas a pé. Ao mesmo tempo defendem a instalação de novas estações de micromobilidade, locais com diferentes veículos disponíveis, servindo de interseção tanto para percursos curtos como mais longos.
Boosted Pandas
Oriundos de Engenharia Biomédica, mas envolvidos com a tecnologia e apaixonados também pela análise de dados, os Boosted Pandas propõem uma reorganização da rede de estações de mobilidade partilhada, de forma a chegar a zonas de Matosinhos que os dados ‘revelam’ terem potencial de utilização, bem como gerir melhor o número desse tipo de veículos sustentáveis nesses locais, através de previsões de utilização.
Green@CES
Cientistas e analistas de dados da Continental Engineering Services, os Green apostaram na introdução de um grande número de dados diferenciados e variáveis, de forma a encontrar um modelo de previsão exaustivo e fiável, para os diferentes locais, horas do dia e veículos partilhados. O objetivo é maximizar a utilização da mobilidade partilhada através do aumento da oferta no local e período certo.
Urban Geeks
Quatro amigos de diferentes países - conheceram-se num bootcamp Ironhack - particularmente interessados em desafios que envolvam sustentabilidade. Na Eurekathon, os Urban Geeks centraram-se nas zonas que têm mais deslocações curtas através de veículos convencionais, tentando identificar também a origem e o destino dessas viagens. O objetivo era definir as zonas de Matosinhos em que uma maior promoção e investimento na micromobilidade mais facilmente pode eliminar essas viagens em veículos convencionais, convertendo-as em deslocações de bicicleta, trotineta ou scooter elétrica.
Saber interpretar o mundo que nos rodeia ajuda a tomar as decisões certas, a encontrar as ideias que podem transformar o mundo. A análise de dados permite chegar onde queremos por caminhos que às vezes não imaginávamos, mas que se revelam os mais adequados. A NOS está profundamente empenhada na transformação social, digital e tecnológica em Portugal, por isso se associou à LTPlabs e à Porto Business School na criação da Eurekathon, uma iniciativa que todos os anos ajuda a encontrar ideias transformadoras, capazes de mudar a vida das pessoas. Hoje Matosinhos, amanhã o mundo. Com a NOS, é tempo de fazer.