O poder transformador da rede 5G vai revitalizar a Saúde, desde as emergências médicas aos cuidados hospitalares. Mas também a vai revolucionar no dia-a-dia, ajudar cada um a compreender e controlar melhor o seu corpo. Velocidade, latência, capacidade de processamento de dados e recurso à inteligência artificial e à cloud são algumas das vantagens que a quinta geração móvel traz, assim que estiver disponível em Portugal. Com wearables 5G - seja um smartwatch sem cartão SIM ou roupa conectada por 5G - vai aumentar o seu bem estar e gerir sempre a sua saúde. Descubra como a nova rede móvel vai transformar alguns gadgets em verdadeiros assistentes médicos pessoais.
Smartwatches cada vez mais completos
Em 2015, o primeiro Apple Watch, um dos modelos mais famosos, incluía um ‘modesto’ sensor de batimentos cardíacos. Seis anos depois, a versão mais recente agrega monitorização de sono, eletrocardiograma, medidor de oxigénio e ligação para serviços de emergência. Os smartwatches estão cada vez mais completos - alguns também medem a temperatura - e já nem precisam de ter cartão SIM ou de estar sempre associados a um telemóvel. A NOS, por exemplo, disponibiliza um smart number, um cartão virtual que permite ao relógio smartwatch ser usado de forma independente. Os eSIM estão igualmente preparados para a rede 5G, que vai levar ainda mais longe o potencial dos smartwatches.
O recurso à cloud - servidores remotos ligados pela internet que guardam programas ou dados -, liberta espaço, pelo que estes wearables vão ficar ainda mais pequenos e discretos. As baterias também serão cada vez mais eficientes e duradouras nestes equipamentos quando conectados por 5G. A computação avançada e o recurso à inteligência artificial oferecem o potencial de os smartwatches se tornarem autónomos e darem conselhos ou fazerem relatórios detalhados ao utilizador, que podem ser partilhados com os médicos. Além disso, a maior segurança da rede 5G traz confiança na circulação de dados pessoais, uma preocupação crescente.
Smartbands para todos
As pulseiras que monitorizam a atividade física também serão mais reduzidas, versáteis e autónomas graças à conectividade 5G, e entram cada vez mais no domínio da Saúde. Deixam de ser apenas smartbands no pulso, tornam-se dispositivos complexos que cabem num anel ou que ficam pendurados num fio. Apesar de o tamanho diminuir, as funcionalidades não param de aumentar. Trazem vantagens em pessoas com doenças crónicas que requerem acompanhamento constante, como cardíacas, com a segurança dos alertas automáticos para familiares, para o médico de família ou para serviços de emergência. Numa população a envelhecer, estes wearables tranquilizam em situações de idosos que vivem sozinhos, em casas de repouso ou quando há uma deslocação longa. Aumentam a independência e a qualidade de vida e facilitam o diagnóstico na altura de consultar o médico ou à distância, pela partilha de dados.
Um doente hipertenso não sabe que está hipertenso, lembra José Bastos, fundador da Knok, uma startup centrada na telemedicina
Mas as pulseiras de atividade física ajudam a controlar a saúde de todo o tipo de pessoas. Isso ganha relevância se pensarmos que muitos problemas médicos ou doenças surgem de forma repentina, sem sintomas. “Um doente hipertenso não sabe que está hipertenso. Uma pessoa que tem sangue gordo também não sente”, lembra José Bastos, fundador da Knok, startup centrada na telemedicina. Os wearables de monitorização controlam vários parâmetros, alertando em caso de alterações repentinas, e com ligação à informação na cloud e ao processamento de dados em tempo real, podem ser detetadas pequenas variações que indiquem um problema maior, quase como um pré-diagnóstico. Dispositivos que muitas vezes vemos em atletas, usados para avaliar a sua performance, vão ser essenciais em profissionais de risco como bombeiros e outros trabalhadores com atividade física intensa ou em ambientes de stress, mas também para qualquer pessoa que sinta que precisa de conhecer melhor os seus limites.
O salto dos smart glasses 5G e dos óculos VR
Os óculos com recurso à realidade aumentada têm no 5G a possibilidade de alargarem definitivamente o seu apelo junto dos consumidores, pela maior aproximação aos modelos convencionais, novas aplicações e preço inferior. Na Saúde, os smart glasses também vão conseguir medir parâmetros clínicos distintos através dos olhos ou a radiação solar a que o utilizador está exposto. A Universidade da Coreia, em Seoul, desenvolveu mesmo um par que usa os impulsos elétricos do cérebro e dos olhos tanto para detetar doenças, como para ajudar a controlar ecrãs, trazendo nova esperança a pessoas paralisadas.
Os dispositivos VR podem ajudar a combater fobias e estimular o cérebro de doentes degenerativos. Os smart glasses vão detetar sintomas e facilitar a comunicação e assistência remota.
O crescimento dos óculos VA/AR nos cuidados hospitalares será exponencial, mas abre todo um novo leque de possibilidades para a utilização em casa. Um exemplo é o eSight, um device já reconhecido por autoridades de saúde que estimula o processamento visual por parte do cérebro, em pessoas com visão extremamente reduzida. Em muitos casos os utilizadores recuperam totalmente a capacidade de ver enquanto usam os óculos, e todos passam a poder sair à rua, trabalhar, utilizar o computador ou divertir-se sem riscos. A velocidade e o tempo de resposta do 5G permitem a estes sistemas expandirem ainda mais os resultados e impulsionam outras inovações. Como a app Aira, que permite aos invisuais ligarem-se a um guia treinado quando pretendem fazer uma atividade ou um percurso mais difícil. O assistente ajuda-os apenas através da câmara do smartphone.
Fazer do telemóvel um wearable
O telemóvel é a ferramenta mais versátil que usamos no dia-a-dia, seja para uso particular ou profissional. Na Saúde, os smartphones, além de cada vez receberem mais informação de todo o tipo de wearables e sensores, e além de tornarem a telemedicina mais eficiente com a tecnologia 5G, conseguem ser também eles um wearable de saúde. Não só pela diversidade de aplicações relacionadas com a saúde que podem receber, melhoradas em termos de velocidade, tempos de resposta e processamento de dados através da cloud, mas também pelas capacidades que o telemóvel pode acrescentar, com ou sem acessórios. A portuguesa Knok, por exemplo, prepara-se para introduzir nas suas consultas à distância uma valência de medição de sinais vitais através da câmara, basta olhar o ecrã alguns segundos.
Mais de metade dos utilizadores de smartphones usam apps de dieta ou nutrição e 36% descarregam guias para identificar sintomas de doenças, segundo um estudo da Raconteur
José Bastos, fundador da startup parceira da NOS, vai mais longe na antecipação de wearables 5G para facilitar o contacto entre médicos e pacientes e acelerar o diagnóstico: “Podem ser desde otoscópios para a pessoa usar em casa, nos filhos ou em si próprio, até espátulas com lanterna e câmara para se ver as amígdalas. Mesmo um ecógrafo, que há 20 anos custava um milhão de euros, em breve um médico pode levar para todo o lado e fazer uma ecografia inicial, ligado ao seu telemóvel”.
Roupa tecnológica que dá saúde
Outro segmento que vai crescer com a nova rede móvel é o das smart clothes, que integram tecnologia para diversos usos. O desporto é já uma área em grande desenvolvimento, com vários tipos de coletes e t-shirts para monitorização física, que também são usados em pacientes hospitalares. Em breve teremos modelos mais acessíveis para todo o tipo de consumidores e utilizações. O mesmo com produtos que já existem na área do fitness e que poderão ser alargados e adaptados à saúde e à recuperação. Como as meias Sensoria e as palmilhas Adidas GMR, que medem distâncias, velocidade e outros parâmetros, ou a roupa de ioga Nadi X, da Wearable X, que associa sensores de posição do corpo a uma aplicação que calcula a postura correta e dá essa informação através de áudio e de vibrações localizadas, nas próprias calças ou t-shirt.
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O futuro é invisível
Os wearables vão acabar por ‘desaparecer’ na nossa roupa e mesmo na nossa pele. Lentes de contacto que não só melhoram a visão como medem os níveis de glicemia ou avaliam a evolução de doenças como o glaucoma; adesivos que substituem aparelhos para controlar a diabetes e até podem administrar sozinhos insulina; sensores implantados diretamente junto de órgãos ou ser ingeridos. Todos estes dispositivos representam os hidden wearables, ou invisibles, cada vez menos invasivos e simples, escondidos e quase esquecidos para causar o menor impacto na vida de doentes ou pessoas saudáveis. A pele eletrónica, por exemplo, está a ser desenvolvida por várias empresas. É um adesivo praticamente invisível, repleto de biosensores, que oferece possibilidades na monitorização de bebés, no acompanhamento e medicação autónoma de pacientes, ou como acelerador do tratamento e cicatrização de feridas.
Assim que estiver disponível em Portugal, o 5G vai permitir sensorizar tudo, tornar a tecnologia mais acessível, e potenciar a inovação. Na Saúde, a quinta geração móvel abre o caminho para a evolução dos wearables, que melhoram a prevenção de todo o tipo de doenças e facilitam o acesso a cuidados médicos. A NOS trabalha constantemente para que a tecnologia 5G possa impactar a saúde de todos os portugueses. Com o 5G, faz o que ninguém fez.