Os novos hábitos vieram para ficar e as compras estão na linha da frente da transformação. O tempo extra passado em casa, principalmente nos últimos dois anos, apenas acelerou a tendência que já existia do comércio online. Agora, tanto do lado de quem compra como de quem vende, a tecnologia oferece um mundo de novas possibilidades e o 5G alimenta toda essa inovação, dentro e fora das lojas.
Um relatório da consultora Deloitte sobre as tendências para o retalho, de 2021, aponta o caminho para uma conjugação entre os hábitos tradicionais - os consumidores estão a voltar às lojas e centros comerciais - e as compras online. Já a revista Forbes antecipa uma forte presença do 5G no comércio nos próximos anos. Em época de saldos, conheça as cinco tendências para o futuro das compras.
1. Experiência digital
O crescimento do comércio online já se notava antes das primeiras notícias de confinamentos, mas em dois anos a curva ascendente acelerou de forma inédita. Em 2020, em Espanha ou no Reino Unido, as vendas digitais cresceram mais de quatro vezes, e nos Estados Unidos triplicaram. Já em Portugal, o INE revela que a taxa de utilização do comércio online aumentou 5,2% entre 2020 e 2021 e mais de metade das pessoas entre 16 e 74 anos já fizeram compras pela net. O futuro, segundo a Deloitte, passa agora por uma abordagem digital e inovadora para as compras online, baseada em tecnologias como o 5G.
Mais de metade dos portugueses entre 16 e 74 anos fizeram compras online em 2021, segundo o INE.
Está do lado das lojas e marcas pegarem nos benefícios ligados à velocidade e comunicação em tempo real da quinta geração móvel e transformarem as suas plataformas de e-commerce em algo novo, que seja significativo para os clientes. E os novos negócios, 100% digitais, podem ter todo o mercado global como público e ainda assim criar uma relação de verdadeira proximidade com as pessoas, através de marketing voltado para a interação, personalização e instantaneidade, que ajudam a construir a experiência de consumo.
2. Tecnologia imersiva
Com o 5G, uma loja online pode fazer-nos sentir como se estivéssemos a atravessar os seus corredores. E numa loja física, abre-se um maravilhoso mundo que permite ver além da prateleira ou do expositor. A realidade aumentada e a realidade mista, que oferecem inúmeras aplicações nas vendas físicas ou digitais, exigem um alto processamento de informação e rapidez da rede, tudo o que o 5G vem proporcionar.
O comércio online pode ser imersivo ao ponto de permitir que o utilizador experimente, sem sequer sair de casa, aquilo que quer comprar, ou projetar em qualquer lado objetos em tamanho real. Vai poder ver-se a usar diferentes peças de roupa com uma aplicação de smartphone ou uns óculos de realidade aumentada ou, com o mesmo equipamento, ver um sofá na sua casa e decidir se fica bem na sala. Para as lojas online é, além disso, uma oportunidade para criarem uma realidade imersiva para públicos maiores espalhados pelo mundo.
Em lojas físicas, a imersão passa pelo ‘phygital’, juntar o melhor do mundo físico com as potencialidades do digital. A ausência de caixas de pagamento, por exemplo, algo que já foi anunciado pela Amazon ou por alguns supermercados em todo o mundo. Em Portugal, o Continente Labs, em Lisboa, é a loja onde a Sonae testa este modelo. Basta o scan de uma app (associada a um cartão de crédito) à entrada do espaço.
3. Armazéns, prateleiras de stock, lojas - tudo conectado
A internet das coisas (IoT) - mais equipamentos conectados, a transmitir informação instantaneamente - é exponenciada pela cobertura 5G e isso traz benefícios evidentes ao retalho. A comunicação entre armazéns, prateleiras de stock e as lojas será inequívoca e vai mudar tanto as operações como a experiência do consumidor. Estudos revelam que, em 2019, 58% das empresas de retalho já trabalhavam com IoT e que 30% tinha projetos em desenvolvimento.
4. Lojas pop-up impulsionadas pelo 5G
Tecnologias inovadoras como a rede 5G também permitem apostar numa nova gestão e rentabilização dos espaços comerciais, como expansão das lojas pop-up, por exemplo. O conceito é simples: uma marca monta uma loja física apenas por alguns dias, semanas, ou meses. A ideia é gerar um contacto próximo (na realidade física e não virtual) com as pessoas, através de uma experiência especial que pode ter a ver com o design e decoração da loja ou com alguma atividade exclusiva daquele lugar. São famosas, por exemplo, as lojas pop-up da Magnum, onde a marca não vende os seus gelados tradicionais, mas antes dá a oportunidade ao público de criar um gelado personalizado.
Com 5G é mais fácil lançar um negócio, traz vantagens óbvias na abertura de lojas, principalmente se forem temporárias ou tiverem de mudar de localização.
Quando se pensa em experiência nestas lojas temporárias, a tecnologia imersiva pode ser um caminho, aproveitar a realidade aumentada para ‘alargar’ a área comercial, por exemplo. Já do lado mais operacional da loja física e de concretização de compras, o 5G facilita a instalação da componente de backoffice e de redes inteligentes numa loja recorrendo a infraestruturas portáteis. O resultado é uma loja flexível, que pode instalar-se noutra localização em minutos, se for necessário.
5. Caminho para a neutralidade carbónica
As alterações climáticas não são apenas a ‘tendência do momento’, estão já bem presentes nas escolhas e compras das pessoas. Segundo a Deloitte, 85% das pessoas tornaram os seus hábitos de consumo mais sustentáveis nos últimos cinco anos.
No seu relatório de tendências, a Deloitte afirma que, mais do que procurar uma neutralidade carbónica, é essencial que qualquer retalhista tenha consciência ecológica e procure eliminar a pegada de gases do efeito estufa do seu negócio. A introdução da quinta geração de rede móvel não deve ser ignorada deste ponto. O 5G é mais verde do que as gerações anteriores ao ser capaz de transmitir os mesmos dados gastando menos energia. Além disto, um estudo da GeSI afirma que as tecnologias alavancadas pelo 5G têm potencial para participar numa redução de carbono de cerca de 20%.
Caminhar para a neutralidade carbónica, ou até mesmo às emissões zero, corresponde às expectativas dos clientes, mas também dos trabalhadores das empresas. Com a recente COP26 a impor uma agenda, é imprescindível o esforço para perceber como cada marca pode melhorar a sua cadeia de produção, da matéria-prima ao consumidor final. A eficiência energética, o controlo de stocks ou a simplificação de processos, desde logo pela redução de papel ou de burocracia, são exemplos do que a conexão 5G pode fazer pelo retalho, e pelo ambiente.
O futuro já é presente para o comércio. Experiências personalizadas, imediatas, em proximidade ou à escala global, já acontecem e terão em breve um peso maior no dia-a-dia dos consumidores, como demonstram estas cinco tendências. E todas elas vão ser alavancadas tirando o máximo partido do 5G.